sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pechincha.

Em crise, Portugal tem ilha à venda e dono quer imóvel no Brasil em troca. Ilha de 540 hectares tem pistas de pouso e praias particulares.
Crise em Portugal fez preço dos imóveis cair 8% em um ano.

 
Casa construída na ilha de Monte Farinha, anunciada em jornal brasileiro. (Foto: Divulgação/Céu Vieira/Camin)
Morando a maior parte do ano no Ceará, o português Manoel Cascão quer vender sua ilha de 8 milhões de euros, no norte do país, e aceita imóveis no Brasil como parte do pagamento. “Aceitando receber 60% em imóveis do Brasil, é muito bom negócio e está muito abaixo do preço de mercado. Com certeza não existe terreno no Brasil a R$ 4 o m²”, disse ele ao G1, dividindo o valor pelos 540 hectares.
Uma das poucas ilhas particulares de Portugal, segundo ele, a Monte Farinha tem praias particulares, duas pistas para pouso de aeronaves, a casa em que ele passava os verões e as de apoio, ancoradouros para iates e está a 500m de uma base aérea mista, civil e militar, onde é possível pousar, por exemplo, com um jato particular vindo do Brasil.
Uma das praias particulares da ilha de Monte Farinha, na região norte de Portugal. (Foto: Divulgação/Céu Vieira)
Uma das praias particulares da ilha de Monte Farinha, no norte de Portugal.
(Foto: Divulgação/Céu Vieira)
A ilha é considerada “única” em Portugal porque, segundo Manuel, o país tem poucas ilhas e a maior parte pertence ao governo. “Entre as privadas é das únicas”, diz. Dono da ilha há dois anos, Manoel usava o local apenas nas primaveras e verões.
Para vender o imóvel, ele escolheu o Brasil, com uma publicidade de meia página em um jornal. A propaganda e a oferta estão dando resultado. “Tenho contatos com bastante interesse, vindo do Brasil para ver a ilha. Está a um preço e condições muito atrativas para investidores”, conta.
Mesmo confiante de que vai vender o imóvel, ele diz que volta a anunciar se não fizer negócio até o carnaval. O preço baixo, na opinião de Manoel, torna o negócio atrativo no médio prazo, “assim que o mercado português voltar a aquecer, em cerca de cinco anos”. Para ele, a crise vivida atualmente pelo mercado imobiliário português é algo normal, um ciclo que ele já viu passar três vezes no país, nos 30 anos de mercado imobiliário.
O número de imóveis vendidos em Portugal está em queda praticamente ininterrupta desde 2005, segundo dados do ImoEconometrics, empresa de consultoria imobiliária especializada em finanças imobiliárias e estudos do mercado de habitação. A venda caiu de 110 mil para cerca de 90 mil, de 2011 para este ano. A queda nos preços ocorre desde o início de 2010 e chegaram a € 89 o m² no segundo trimestre deste ano, contra € 96 um ano antes, uma queda de 8%.
Mercado imobiliário
Investidor no mercado brasileiro e hoje morador do Ceará – a região brasileira mais próxima de Lisboa – durante a maior parte do ano, Cascão procura mais imóveis no Brasil, mesmo achando o mercado muito aquecido. “Os imóveis no país estão muito caros, os brasileiros estão indo depressa demais (com a valorização). Acham que podem comprar hoje por 50 e amanhã vender por 100”, avalia, com a experiência de 30 anos de mercado imobiliário.
Casa na ilha de Monte Farinha, anunciada em jornal
brasileiro. (Foto: Divulgação/Céu Vieira/Camin)
Manoel diz querer vender a ilha porque passa mais tempo do ano no Brasil do que em Portugal, além de ter muitos empreendimentos. “E também a vida não é só trabalhar, já cheguei a uma idade em que quero trabalhar menos e aproveitar mais a vida”, afirma ele, que tem 53 anos, sem mencionar a crise do mercado imobiliário português.
Ilha da burguesia
Pesquisando sobre a ilha, que fica em Aveiro, região norte do país conhecida como "Veneza portuguesa", Manoel encontrou um relato de uma “animada partida de Golfe” na Ilha de Monte Farinha em 1907. Participaram do jogo vários burgueses da região e proprietários da ilha, segundo ele. Um campo de golf é uma das estruturas que ele prevê que sejam feitas na ilha, tanto que estão no projeto imobiliário que encomendou para o loca. “É prova de que a história se repete”, diz.

*Simone CunhaDo G1, em São Paulo

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