Após roubo, ladrão também é assaltado
Vítima é abordada na zona norte da Capital e testemunha bandido ser alvo de ataque
A ocorrência policial 3829/2011, registrada na 14ª Delegacia da Polícia Civil, vai para os anais da criminalidade no Rio Grande do Sul. Às 19h30min de ontem, Rafael, 20 anos, e a namorada dele, moradores do Jardim Itu Sabará, zona norte da Capital, foram buscar o irmão dele num prédio na esquina das ruas Benno Mentz com Guiné. Ao estacionar a EcoSport prata, placas IXN-4000, modelo 2005, um homem rendeu o casal.
– Ele estava armado com um revólver calibre 38, cano curto – conta Rafael, cujo sobrenome será ocultado a pedido da família.
O estudante de Publicidade e a namorada não imaginavam o que aconteceria a partir daquele momento. Antes de o ladrão entrar no carro, outros três bandidos desembarcaram de um Prisma preto. Armados, eles anunciaram:
– É um assalto.
Sim, Rafael estava sendo vítima de um segundo ataque. Ou, para ser mais preciso, estava presenciando algo ainda mais raro: ladrão roubando de ladrão. Os criminosos levaram a arma do primeiro assaltante, que fugiu correndo pelas ruas do bairro, e o veículo do jovem, mantido refém durante cerca de 20 minutos.
Para comerciante, situação reflete insegurança no país
Para o comerciante Otacílio, 56 anos, pai de Rafael, o episódio sintetiza a segurança pública no país:
– É a mais pura realidade no nosso dia a dia. A segurança no Brasil é zero. Estamos nas mãos dos bandidos. Não existe um plano de segurança pública e os governos são omissos. É um caso inadmissível.
Vítima de assalto na noite de ontem, o estudante Rafael pediu para ter o sobrenome preservado. Após ter sido abordado por bandidos, ele viu o próprio assaltante também ser roubado.
Zero Hora – Como foi o assalto?
Rafael – Eu e a minha namorada fomos buscar meu irmão, na Rua Guiné esquina com a Benno Mentz. Assim que eu estacionei o carro, um cara chegou e bateu no vidro dela anunciando o assalto.
Zero Hora – Como foi o assalto?
Rafael – Eu e a minha namorada fomos buscar meu irmão, na Rua Guiné esquina com a Benno Mentz. Assim que eu estacionei o carro, um cara chegou e bateu no vidro dela anunciando o assalto.
ZH – Ele chegou a entrar no carro?
Rafael – Não. A gente saiu, entregou a chave, mas quando ele foi entrar encostou um Prisma preto do nosso lado. Três caras armados desceram do carro.
ZH – O que eles fizeram?
Rafael – Eles anunciaram outro assalto.
ZH – Três bandidos roubaram um assaltante?
Rafael – Sim!
ZH – O que eles disseram?
Rafael – Dois foram na direção do assaltante, do primeiro assaltante, e um, na minha direção. E pediram para o cara dar a arma dele.
ZH – E o primeiro assaltante, como reagiu?
Rafael – Ele falou: “Mas é eu quem estou assaltando”. Eles pegaram a arma dele e me puxaram para dentro do carro.
ZH – Dentro do carro, o que eles falaram?
Rafael – Eles riam. Falavam que tinham roubado o assaltante e pego a arma dele.
ZH – O que eles queriam contigo?
Rafael – Dinheiro. Eu estava com um cartão do Banrisul da minha mãe, mas não sabia a senha. Mesmo assim, me levaram para uma agência. Tentei sacar, até que bloqueou a senha. Na saída, eles me liberaram.
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